Quando o pedido de desculpas fala mais alto
- espacostim

- 29 de ago.
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O pedido de desculpas precisa ter a mesma dimensão do constrangimento que causamos.
Há muitos anos, vivi uma situação que me ensinou sobre isso. Eu estava lecionando quando uma aluna entrou atrasada. Continuei minha fala, mas não lembro se fiz algo além de olhar o relógio, como fazia sempre para ajustar a frequência no final.
Ao término da aula, ela se aproximou e contou que havia se sentido constrangida. Disse que, naquele dia, tinha feito um esforço enorme para estar presente, pois sua avó, com quem tinha uma ligação muito forte, havia falecido dois dias antes. Ela era uma aluna comprometida e pontual, e não queria que os colegas pensassem que estava desleixada.
Eu lamentei profundamente sua perda e pedi desculpas caso meu gesto tivesse transmitido algo além do que eu pretendia. Mas percebi que, se o desconforto dela havia acontecido diante do grupo, meu pedido de desculpas também deveria ser feito diante do grupo. Assim, combinei com ela que, na aula seguinte, faria isso.
E foi o que fiz. Antes de começar a atividade, me desculpei diante da turma e aproveitei para refletirmos juntos sobre o quanto nossa linguagem corporal fala, mesmo quando não dizemos nada.
O que aprendi é que pedir desculpas não é apenas reparar um erro, mas também um gesto de cuidado com quem nos cerca. E talvez a grande pergunta que fica seja: será que estamos atentos o suficiente aos sinais que damos, mesmo sem perceber?






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